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Arquitetos: Alejandro González, Ignacio de Teresa, Juan Carlos Bamba
- Área: 411 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:JAG Studio
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Fabricantes: Ambiente Creativo, Mega Construcciones Guaranda
Delimitar
A residência, no início da encomenda, era um lugar onde se pudesse pernoitar e observar o jardim. Não era, sequer, uma casa de fim de semana, o que permitiu questionar e explorar novas relações com a inclinação do terreno. A implantação do projeto começa com a escolha, por parte do cliente, de duas árvores entre as quais ele quis situar um observatório a partir do qual pudesse ser controlado o crescimento do jardim.
Observar
O acesso ao ponto de observação foi projetado a partir de um primeiro desenho do cliente, que situa o programa na sob a mesma cobertura da casa, e sugere uma rampa dividida em seções de inclinações diferentes que se distancia pouco a pouco do terreno até chegar na altura ideal para observação do jardim como um todo: um observatório para ver sem ser visto. Observar o distante, o mar e a montanha, conquistar o território; observar o que está próximo, tocar os galhos das árvores, explorar a natureza.
Habitar
O plano horizontal plano é um artifício do ser humano que cobrou a importância no território doméstico e tem se tornado cada vez mais inquestionável. Apesar disso, não existe nenhuma horizontal natural que possamos habitar no planeta. A casa propõe explorar a rampa como espaço habitável, que da acesso às superfícies horizontais que suportam o programa convencional da residência (sala, sala de jantar, cozinha, banheiro, dormitório e escritório), enquanto o restante da rampa transforma-se em um espaço indefinido, correspondente, na escala urbana, ao espaço público da rua. O programa se estende por ela ao longo de três planos inclinados que prolongam a inclinação do terreno, gerando várias coberturas sobrepostas. No ponto de quebra entre os planos, a rampa é perfurada para poder ser habitada.
Percorrer
O percurso da residência é contínuo, sem obstáculos e repleto de atalhos; sem limites, apenas planos inclinados e deslocados que mantêm a continuidade física e visual. O espaço se comprime e se expande, se abre e se fecha, aparece e desaparece. O solo, espaço de brincadeiras durante a infância, transforma-se, a partir de certa idade, em um terreno distante e sujo devido à sua horizontalidade. A casa em rampa pretende recuperar o solo como território habitável. A inclinação permite conectar-se visualmente com o entorno e convida o usuário a sentar-se sobre ele, a tirar os sapatos e perceber a gravidade. A inclinação de cada seção da rampa muda ligeiramente para adaptar-se ao programa que contempla.
Construir
Uma estrutura de tronco de bambu envolve o núcleo central de tijolo como se fosse um andaime. O desenvolvimento em rampa da estrutura permite, por sua vez, a triangulação da mesma, simplificando-a e reduzindo o custo de construção do projeto a menos de 100 $/m2. A flexibilidade e leveza do bambu, os fechamentos em policarbonato, os reflexos do vidro, a contenção do concreto, o tato do tijolo, a segurança da tela, e a permanência da pedra, colaboram com a construção de um volume cuja qualidade é medida, sobretudo, pela quantidade de espaço gerado.